Primeiramente, você sabe o que é a síndrome de “FOMO”? A sigla FOMO vem do inglês “Fear of Missing Out” ou, na tradução, “medo de ficar de fora ou de perder algo”. Quem nomeou esse termo foi Dan Herman, um estrategista de marketing, durante entrevistas realizadas com consumidores.
Ele notou um medo das pessoas em escolher, decidir por algo e deixar as outras opções para trás. Assim, usou tal conhecimento para desenvolver estratégias de marketing e vender produtos.
A sigla veio mais tarde e popularizou o conceito. Dessa forma, o que nasceu no marketing acabou se tornou termo para falar de medo, falta e renúncia em diferentes áreas, inclusive na nossa vida pessoal.
Se eu escolho algo, logo preciso renunciar a tantas opções existentes e que talvez poderiam ser melhores. De fato, poderiam ser mesmo. Todavia, como ter certeza disso?
Sabemos o quanto a situação pode ser dolorosa. Afinal, trata-se da sensação de estar de fora, de não participar, de não pertencer.
Nesse contexto, observamos que as redes sociais aumentam e muito esse sentimento. Que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu mal por ver um amigo vivendo um momento aparentemente muito legal e quis estar lá também.
As redes sociais e o impacto na síndrome de FOMO
Sobretudo, as redes sociais aumentam a comparação ao escancarar a sua vida e a do outro em tempo real. Como consequência, isso pode gerar ansiedade, angústia, tristeza e uma certa dose de insuficiência.
Você pode não estar conseguindo fazer exercícios com regularidade, por exemplo, ou achar que a faculdade está indo bem. Porém, deparar-se com alguém que já fez sua série de treinos do dia ou que passou o dia todo com foco nos estudos pode fazer você se sentir mal. “Ele(a) está conseguindo e eu estou aqui, parado(a) olhando esses stories, sem fazer nada.”
O que o mercado de trabalho tem a ver com a síndrome de FOMO?
Dentro do mundo corporativo, a síndrome de FOMO é caracterizada pelo sentimento de insegurança e incapacidade no desenvolvimento de tarefas devido à comparação entre os colegas de equipe.
De antemão, ao pensarmos em algum exemplo a respeito do sentimento de competitividade, podemos elencar a produtividade como indutora de inúmeros gatilhos de ansiedade e insegurança.
Um exemplo são as comparações entre o número de tarefas e reuniões realizadas, além do sentimento de desconforto gerado pela disparidade entre cargos, promoções e salários. Todos esses fatores evidenciam a FOMO, afetando autoestima e carreira.
O processo terapêutico
Na abordagem clínica denominada psicanálise, a teoria aborda sobre o conceito de falta, de vazio e faz pensar sobre como cada pessoa vivencia isso de forma única. É importante pensar que a falta faz parte de nós e, inclusive, é o que nos move na vida.
Afinal, se temos tudo, o que desejar ? Querer preencher esse vazio a todo custo é que o pode gerar ainda mais angústia. Isso também nos coloca num lugar de não aceitar as emoções e sempre ter necessidade de algo, mesmo que essa não seja uma vontade verdadeira.
Por fim, a “FOMO” pode ser apenas um sintoma que muitas vezes indica a necessidade de autoconhecimento. Conhecer-se para entender o motivo de isso lhe afetar tanto, o que quer dizer sobre você, sua vida, suas emoções, seus desejos, suas escolhas. Afinal, somos únicos e o caminho para escolhas melhores é se conhecer.
Texto escrito por Gabriela Leal e Adriana Lopes, psicólogas da Terapize.